terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Subsídio Escola Dominical CPAD - Lição 06 - SANTIFICARÁS O SÁBADO



Prof. Ev. José Roberto A. Barbosa
Twitter: @subsidioEBD


INTRODUÇÃO
Desde os tempos antigos o ser humano está voltado à ação, e nesses
 últimos tempos, no contexto da modernidade, o espaço predomina sobre
 o tempo. Por isso, a mensagem do quarto mandamento continua atual,
 a fim de diminuir o ativismo, e desperta o homem para o descanso.
 Na aula de hoje meditaremos a esse respeito, antes faremos uma incursão
 teológica sobre o shabat bíblico, após discorrer sobre a opção cristã pelo
 domingo, faremos uma aplicação sobre a importância do descanso.

1. O SHABAT NA BÍBLIA
O shabat bíblico é sinônimo de descanso, por isso, ao invés de ser
 traduzido para sábado, como acontece em algumas línguas, há quem
 prefira a permanência do termo hebraico. Existiam vários shabat a
 serem observados pelo povo judeus, o shabat semanal (Ex. 16.23),
 o Dia da Expiação (Lv. 16.31; 23.32), o primeiro dia da Festa das
 Trombetas (Lv. 23.24), o primeiro e o oitavo dias da Festa dos
 Tabernáculos (Lv. 23.39) e o ano sabático (Lv. 25.4,5). Essa orientação
 bíblica, que também era um mandamento de Yahweh, revelava que
 Deus tem consideração tanto pelo trabalho quanto pelo descanso
 (Ex. 20.11). O fundamento para a observância do shabat está no próprio
 Deus, que após ter trabalhado, descansou no sétimo dia (Gn. 2.1-3).
 O povo de Israel deveria separar, guardar ou santificar (hb. qadash)
 o shabat para o Senhor como lembrança de que foram escravos
 no Egito, e que foram libertados pela mão poderosa de Yahweh (Dt. 5.15).
 Eles foram libertos da tirania da opressão, agora poderiam parar para
 descansar, e usufruir a providência de Deus. Essa também era
 uma demonstração de confiança no Senhor, de que o essencial
 não lhes faltaria, e que poderiam aprender a depender dEle. A observância
 ao shabat era um sinal específico para Israel, exclusivo para aquela nação,
 um testemunho para os povos (Ex. 31.13-17; Ez. 20.12,20). Jesus
 reinterpretou a observância ao Shabat, isso porque os religiosos da sua
 época, ao invés de o desfrutarem, transformaram em mero legalismo,
 deturpando a essência da instrução dada pelo Senhor (Mc. 6.31).
 Mas o próprio Jesus considerou o shabat, Ele mesmo se dirigiu nesse
 dia à sinagoga (Lc. 4.16).

2. SÁBADO OU DOMINGO?
No Novo Testamento a palavra é sabaton, com o mesmo sentido de
 descanso da língua hebraica. Os primeiros cristãos, por se tratarem de
 judeus, mantinham a observância do shabat (At 13.5, 14; 42-44; 14.1;
 16.13; 17.12,16; 18.4; 19.8). Mas seguindo as instruções de Jesus,
 os primeiros cristãos, diferentemente dos religiosos da época, não eram
 legalistas em relação a esse dia (Mt. 12.9-14; Mc. 3.1-6; Lc. 6.6-11).
 O princípio deixado pelo Mestre foi o de que é sempre bom fazer
 o bem no shabat (Mc. 2.27,28). Existe uma controvérsia entre os cristãos
 a respeito da guarda desse dia, alguns defendem sua permanência,
 outros optam pelo domingo. Essa opção está fundamentada no tratamento
 dado por Cristo ao shabat, bem como pelos cristãos ao longo da história.
 Jesus deixou claro que o sábado foi estabelecido por causa do homem,
 e não o homem por causa do sábado (Mc. 2.27,28). Isso quer dizer que
 não estamos mais presos à guarda de um dia específico da semana,
 contanto que o façamos para o Senhor (Rm. 14.5,6). A igreja cristã optou
 pelo domingo porque Jesus ressuscitou nesse dia (Mc. 16.9), foi o
 dia em que Ele se manifestou ressurreto (Lc. 24.13-36; Jo. 20.13-26).
 O Espírito Santo também foi derramando sobre a igreja em um domingo
 de Pentecoste (Lc. 23.15-21; At. 2.1-4). Esse era o dia no qual os primeiros
 crentes se reunião para celebrar a Ceia do Senhor, pregar e coletar ofertas
 (At. 20.7; I Co. 16.1,2). Há evidências históricas que comprovam a observância
 do domingo, e não do sábado pelos cristãos. Para Justino Martir, um dos
 pais da igreja, “o domingo é o dia em que todos temos nossa reunião
 comum, porque é o primeiro dia da semana, e Jesus Cristo, nosso Salvador,
 neste mesmo dia ressuscitou da morte”. De modo que, conforme explicitou
 Paulo: “ninguém, pois, vos julgue por causa de comida e bebida, ou dia de
 festa, ou lua nova, ou sábado, porque tudo isso em sido sombra das coisas
 que haviam de vir; porém o corpo é de Cristo” (Cl. 2.16-19).

3. O PRINCÍPIO PERMANECE
Ainda que não estejamos mais presos à guarda de um dia da semana, seja
 ele o sábado e/ou domingo, o princípio do shabat bíblico permanece.
 Nas palavras da Confissão de Fé de Westminster, santificar o shabat é “um
 preceito positivo, moral e perpétuo”. Tomando os devidos cuidados, e
 evitando legalismos, é necessário considerar o princípio do descanso.
 Não podemos esquecer que o shabat “foi feito por causa do homem”
(Mc. 2.27). Isso que dizer que precisamos dele, nenhum homem é uma
 máquina, carecemos de descanso. A era da industrialização transformou
 o trabalho em tirania, e nesses últimos anos, por causa do consumismo
 desenfreado, muitas pessoas querem ter cada vez mais, e valorizam o
 tempo cada vez menos. O homem moderno está obcecado por espaço,
 quer conquistar tudo o que for possível, esquecendo-se que o tempo é
 muito mais importante. Como estabeleceu o Senhor: “seis dias trabalharás
 e farás toda a sua obra” (Ex. 10.9), mas é preciso santificar ou separar o
 shabat, o descanso necessário para a alma e para o corpo. Ninguém
 deve ser escravo do trabalho, fomos libertados da angústia da ansiedade.
 Devemos trabalhar para ter o suficiente, e com isso vivermos contentes,
 é preciso ter cuidado para não se tornar escravo da ganância (I Tm. 6.6-8).
 Ao invés do nos deixar conduzir pelo espírito desta era, que nos lança na
 tirania do consumo, e nos conduz à preocupação, devemos aprender a confiar
 mais em Deus (Mt. 6.31-34). Em Cristo, temos agora um descanso, Ele é
 o nosso shabat, por causa do trabalho dEle, podemos agora descansar
 (Hb. 4.9,10).

CONCLUSÃO
Há quem diga que não devemos parar para descansar, existem até os que
 citam as Escrituras indevidamente (Mq. 2.10). Mas o texto precisa ser
 compreendido em seu contexto, de fato não podemos descansar no
 momento que devemos agir, mas isso não significa que devemos nos
 entregar ao ativismo. É necessário reconhecer que tudo tem o seu tempo
 determinado, e que há tempo para todo propósito debaixo do céu,
 inclusive para o descanso (Ec. 3.1).

BIBLIOGRAFIA
HOBBERT, J. C. The ten commandments: a preaching commentary.
 Nashville: Abingdon Press, 2002.
PACKER, J. I. Keeping the ten commandments: Illinois: Crossway Books,

 2007.

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